quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Princípio do perdão

Temos visto e conhecido o perdão como um elemento importante, que muito representa o evangelho e a centralidade dele: Cristo. Porém, da mesma forma, temos percebido, de maneira crescente, um fundamento errado na concepção de perdão.

Em simples palavras: exercemos o perdão quando alguém erra contra nós. Se alguma pessoa errou contra mim, devo perdoá-la. Contudo, qual é, afinal, o real motivo do perdão? – Quero que entenda que não há algo, na pessoa que praticou o erro, que justifique o perdão. Também não há nada que ela possa fazer para “merecer” seu perdão.

Se você fez algo contra mim e que me feriu, eu preciso lhe perdoar. Mas não porque depois você fez alguma coisa boa, ou me agradou, ou me presenteou. Afinal, se eu lhe perdoo por qualquer uma destas razões, eu estaria, na verdade, “negociando” ou “condicionando” o meu perdão (uma atitude, no mínimo, bastante interesseira). Seria mais ou menos assim: “Faça-me algo de bom, que eu lhe perdoo pelo mal que você me fez anteriormente”. Infelizmente, muitas vezes, temos agido assim.

O perdão não é algo dado a alguém por “merecimento”. Não devemos procurar em nosso próximo algo que o faça ser digno de perdão. É por isso que, por diversas vezes, temos dificuldade em perdoar – porque queremos algo em troca, ou que a outra pessoa faça alguma coisa que a torne merecedora. O perdão é concedido através de um ato de amor, e este, por sua vez, é inegociável e incondicional. (Que bom que Jesus nos ensina sobre o perdão, no capítulo 6 de Mateus, após já ter nos ensinado, no capítulo 5, que devemos amar nossos amigos e inimigos!).

Embora a Bíblia nos ensine bastante a respeito do perdão, temos trocado, muitas vezes, consequências por princípios.

Princípio
Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” Efésios 4:32

Princípio: Perdoe seu próximo como (e porque) Cristo perdoou você.

Consequência
"Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas." Mateus 6:14-15

Consequência: Se você não perdoar aos homens, Deus não perdoará você.

Há uma relação muito importante entre “princípio e consequência”. O fator principal em nossas vidas deve ser: viver os princípios bíblicos por obediência e amor a Deus (em vez de: obedecer aos princípios por medo das consequências). Há uma profundidade muito grande nisso que pode mudar radicalmente a maneira de vivermos o evangelho.

O princípio é sempre o motivo pelo qual você deve agir em determinadas situações. A consequência sempre será um fator condicional nas atitudes que você tomar, caso não obedeça aos princípios. Perceba, na frase abaixo, uma verdade, porém, estabelecendo apenas a consequência:

Converta-se a Cristo, senão você vai para o inferno!

E agora trazendo o princípio:

Converta-se a Cristo porque Ele muito lhe amou e se deu para morrer em seu lugar!

Os princípios de Cristo são sempre fundamentados no amor. Deus os fundamenta em si mesmo (porque Ele é amor) e não em qualquer condição do homem pois sabe que qualquer motivo para agir que não seja Seu amor, Sua glória e Seus atributos é insuficiente.

Viver observando a consequência nos traz um peso muito grande e faz-nos sentir presos (não a Cristo, mas ao medo das consequências), ao contrário de viver observando os princípios (que nos traz paz). Na realidade, isso também nos prende, mas a Cristo e ao Seu amor.

Finalizando em poucas palavras:
Perdoar alguém está mais relacionado ao amor e ao fato de sermos imitadores de Cristo (fazendo o que Ele fez e faz conosco) do que a algo que devemos fazer para ficarmos livres, sem culpa ou impedidos de crescer espiritualmente. Infelizmente, muitas vezes, em vez de exercermos a misericórdia e o amor que temos (ou deveríamos ter) pela pessoa que errou contra nós, encaramos a questão de "liberar perdão" como um processo em favor da nossa própria saúde espiritual. Talvez seja mais fácil ouvir: "Perdoe o seu próximo para que você não fique preso e impedido de crescer!" do que: "Perdoe o seu próximo porque Cristo assim fez conosco, demonstrando seu grande amor por miseráveis pecadores!". Qualquer coisa que não seja amor é pouco para exercer o verdadeiro perdão.

Texto: Willy Menezes
Revisão ortográfica: Pablo Aires
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